Por Dartagnan da Silva
Zanela
(LXXXVI)
O
problema do Brasil não é a carência de pessoas honradas, mas sim, o que as
mentes bem pensantes entendem por honra. Quando não mais se sabe diferenciar um
biltre mequetrefe duma pessoa íntegra e ilibada, tudo se torna confuso. E,
diante desse quadro, a esperança faz as suas malas dando lugar à loucura que se
locupleta mais e mais numa sociedade moralmente desarmada como a nossa.
(LXXXVII)
O
grande problema do Brasil não é tanto a falta de oportunidades, mas sim, termos
de testemunhar multidões e multidões de indivíduos que tem todas as
oportunidades possíveis, pensáveis e, inclusive, impensáveis, para que as
desperdicem e, voluntariamente, optem em se tornar um zero bem à esquerda.
(LXXXVIII)
Todos
vivemos de promessas. Todos, sem exceção. A diferença é que uns fiam sua vida
procurando cumpri-las. Nesse esforço, soturno e silencioso, forma-se uma pessoa
de caráter íntegro. Já aqueles que apenas afirmam palavras ocas, que refletem
seus devaneios egoísticos, acabam por deformar sua alma com uma plêiade sem fim
de fingimentos grotescos.
(LXXXIX)
Países
que adotam políticas conservadores progridem. Já aqueles que adotam toda ordem
de políticas esquerdizantes, o progresso não passa duma ficção publicitária de
mau gosto.
(XC)
Quem
não sabe distinguir uma analogia, duma similitude; um conceito de uma figura de
linguagem deveria pensar mil vezes antes de cogitar a possibilidade de ficar
fazendo pose de gente sabida.
(XCI)
Liberdade
sem moralidade é anomia e perversão. Moralidade sem fundamentos transcendentes
é o alicerce de todo e qualquer totalitarismo.
(XCII)
Quem
muito quer tirar vantagem em tudo, cedo ao tarde, acaba revelando-se um nada
diante Daquele que é o fundamento de tudo.
(XCIII)
Eu
sou do tempo que G2 era apenas um aparelho de barbear.
(XCIV)
É
incrível como a morte duma fera selvagem revela com tanta clareza a besta que
há em nós; um monstro massificado que ao menor sinal noticioso, devora
impiedosamente qualquer indivíduo num sádico rito antropofágico midiático.
Definitivamente, perdemos a noção da razoabilidade, pra não dizer que perdemos
outra coisa.
(XCV)
Para
toda a patuleia de adultos infantilizados, imersos em sua idiotia umbilical, o
que sobra no quesito petulância e bestagem, falta, e muito, no que se refere à
civilidade elementar e na tal da vergonha na cara.
(XCVI)
Lembremos,
sempre: ideias tem consequências. Em 1975 o filósofo Peter Singer publicou o
livro “Libertação animal”, onde apresenta o que ele chama de “especismo”;
discriminação contra as espécies animais. Ou seja: nessa perspectiva, comer
carne de galinha seria um crime horrendo que poderia ser chamado de “especídio”,
se assim desejarmos.
Ideias
como essa inspiraram diretamente projetos de lei como o que foi votado no
Parlamento Espanhol propondo elevar primatas, como orangotangos e chipanzés, à
categoria de pessoas.
Outro
fruto, desse farol pensante, sorriu na Suíça. Em 2010 a população foi
convocada, por meio de uma iniciativa popular, a decidir se os animais poderiam
ter direito de ser representados por um advogado.
Pois
é, tudo isso pode até parecer uma cena dum filme de Woody Allen, mas não é não.
E esse trem fuçado não para por aí.
Eric
Pianka, professor de Zoologia da Universidade de Austin (Texas), defende, sem o
menor pudor, que deveríamos reduzir a população mundial; que deveríamos matar
90% da população humana do globo terrestre para salvar o mundo. Quanto aos
meios, você pode até imaginar. São tão criativos quanto monstruosos.
Enfim,
levando tudo isso em consideração, não me espanta em nada ver, numa única
semana, a grande mídia silenciar diante do comércio dos órgãos de um bebê
assassinado no ventre da mãe (abortado) e, ao mesmo tempo, gritar
histericamente frente à morte dum animal selvagem.
Pois
é, ideias tem consequências que até seriam risíveis, se não fosse um sinal de
nossa decadência.
(XCVII)
Um
fenômeno patente no Ocidente dum modo geral, e no Brasil de maneira particular,
são as panelinhas que se organização em torno de sentimentos comuns.
Sentimentos baixos e vulgares, com grande frequência.
Esses
grupelhos, formados geralmente por pessoas humanamente insignificantes,
procuram se aproximar umas das outras para sentir-se alguém – como se a soma de
vários ninguéns fosse alguma coisa.
Indignos
por sua própria natureza, procuram chamar a atenção de todos recorrendo, para
tal, a qualquer subterfúgio, principalmente para a baixeza petulante e
histérica.
Desse
modo, uma minoria ignóbil torna-se inconvenientemente visível, desrespeitando a
maioria silenciosa. Não é preciso dizer que é uma tarefa inglória, um
verdadeiro trabalho de Sísifo, explicar para uma patuléia dessa estirpe que o
mundo não é centrado em seus umbiguinhos; que os demais não devem ser
penalizados com sua mediocridade fundamental.
Por
fim, se eles aprendessem a respeitar os seus semelhantes poderiam um dia
tornar-se alguém minimamente civilizado e, porque não, dignos de respeito. Mais
isso é apenas uma conjectura improvável, infelizmente.
(XCVIII)
É
possível uma manada massificada aprender a viver civilizadamente? Sim! Milagres
acontecem aqui e ali. Porém, quando o espírito suíno faz morada no coração das
almas sebosas, o bom conselho não deita raízes. Não mesmo. Esse se torna apenas
mais um motivo de gracejo para essa gente desorientada que faz de suas vidas
uma piada de mau gosto ao mesmo tempo em que acreditam ser alguma coisa de
valor. Enfim, vivem um ledo engano, um bufo sonho embalado num desespero sem
tamanho que faz do riso irrefreável e estridente um disfarce tosco e tartufo de
sua nulidade.
(XCIX)
Rir
de tudo não é felicidade. Nunca foi e jamais será, mesmo que uma hiena grite
isso o tempo todo, sem parar. Na verdade, quando de tudo rimos, estamos, sem
notar, denunciando o nosso desespero. No fundo, todos sabem que as almas
barulhentas são como latrinas velhas em desuso: exalam longe o odor daquilo que
estão cheias.
(C)
As
almas sebosas sempre se indignam quando questionadas em sua sebosidade. Isso é
mais que compreensível, pois, esses seres que clamam pela atenção de todos não
querem nem saber de serem reconhecidos e expostos com toda a sua
insignificância que, diga-se de passagem, não é pouca não.
(CI)
Almas
sebosas de todos os países humanizem-vos! Ou recolham-se definitivamente em suas
alcovas e parem de chatear o bode.
(CII)
Quem
trabalha é trabalhador. Aquele que estuda é, necessariamente, estudante. Se um
indivíduo estuda e trabalha ele é alguém admirável por sua perseverança. Agora
o que dizer daqueles dissimulam trabalhar e brincam de estudar para ganhar um
diploma?
(CIII)
Quando
se perde a noção do ridículo ele não é apenas a segunda natureza do sujeito. O
faceto é a sua própria substância e, por isso, o elemento tanto quer aparecer
histrionicamente. É uma questão de sobrevivência: exibir-se de maneira escandalosa
para poder, desse modo, aglutine-se com os seus iguais para fingir ser algo que
valha algum vintém. Sós, eles perecem por não suportar a sua tacanha e disforme
condição egolátrica.
(CIV)
Pessoas
petulantes e vulgares merecem antes o nosso total desprezo ao invés da atenção
imerecida que poderia ser ofertada por nossos insultos. Não merecem nem mesmo
um “vá cachimbar formiga”. Eles não valem nem isso.
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