Por Dartagnan da Silva
Zanela (*)
CARÁTER EM DECOMPOSIÇÃO – Se um indivíduo não é capaz de, diante de
um sofrimento, se resignar amorosa e corajosamente, pode ter certeza de que
estamos diante de uma alma incapaz de qualquer ato digno; de que estamos diante
dum monstro moral cheio de presunção e podre de mimo até a medula. Pior! Esses
tipos de aberrações, infelizmente, podem ser encontrados em farta quantidade na
sociedade atual.
NEUROSE EDUCACIONAL – O nosso sistema educacional, definitivamente,
é o maquinário perfeito para levar qualquer um, professores e alunos, à
demência total.
E assim o é porque um sistema,
dito educacional, que enjoativamente vive falando de ética pra lá e pra cá ao
mesmo tempo em que ensina histericamente que todos os valores morais são
relativos poderá apenas apresentar como fruto de seu lavoro a degradação geral
da inteligência nacional.
Por essas e outras que,
atualmente, muitos não sabem mais diferenciar uma opinião sobre um fato do que
seja a descrição de um fato. Por essas e muitas outras que hoje muitíssimas
almas ignoram a diferença abissal que existe entre um discurso que justifica
algo e uma preleção que procura explicar alguma coisa.
E não mais se sabe fazer essa distinção
porque durante anos a fio, foi e continua sendo pregado em todos os cantos do
Brasil, que tudo é relativo e, fazendo isso, acabou-se reduzindo a tal da ética
a um reles conjunto de chiliques referentes a certas condutas que devem ou não
ser aceitas como politicamente corretas.
Detalhe: condutas essas que são
fiscalizadas pelos olhares policialescos duma horda de ignorantes presunçosos
devidamente (de)formados para tal e que se auto intitulam como sendo a massa
crítica e bem pensante da sociedade. Ou seja: o sistema educacional brazuca
conseguiu o (de)mérito de transmutar a ética em seu contrário e a educação em
seu inverso.
Por fim, essa choldra ignóbil
(depre)cívica, não se contenta apenas com a destruição da capacidade das
pessoas enxergarem e reconhecerem o óbvio ululante. Não! Ela fomenta as almas
desavisadas a reunirem-se festivamente, de vez em quando, aqui e acolá, em
assembleias de inconscientes para celebrar as suas vidas inconsequentes.
Assembleias essas que, no jargão modernoso, são tidas como sendo um excelso ato
de cidadania.
Pois é. Por hora, é isso o que
temos para o presente e para o futuro.
O QUADRADO REDONDO - Não existe esse troço de amor livre. Esse
trelelê todo é apenas uma forma elegante de safadeza envergonhada.
Amor, por definição, é uma
ligação, um compromisso incondicional de uma pessoa com outra.
Por isso, todos aqueles que
advogam fervorosamente em favor desse trambolho chamado “amor livre” não estão,
de fato, interessados em amor e, na real, nem sabe o que é.
No fundo, o que esse tipo de
gente deseja é que essa safadeza, de usar os outros para a satisfação dum gozo
egocêntrico, seja socialmente aceita. Só isso e olhe lá.
É AÍ QUE A PORCA TORCE O RABO – De um modo geral o absurdo não
choca as pessoas. Nana nina não. Ao menos, não no Brasil atual.
Na verdade, a absurdidade, aqui
por essas plagas, é aceita como crível pela maioria das pessoas, principalmente
por aquelas que se consideram as mais esclarecidas.
E assim o é porque essas almas, supostamente
ilustradas, são geralmente tão presunçosas quanto mesquinhamente desatentas e,
por isso, acabam dando maior credibilidade a uma absurdidade qualquer que para
a mais gritante das obviedades.
E isso ocorre porque o absurdo
corresponde com maior fidedignidade aos cacoetes mentais e estereótipos
politicamente corretos assimilados bovinamente por essa gente que não mais está
habituada a encarar de frente a tal da realidade.
A PEDRA DE TOQUE – O que a alma mais clamorosamente deseja é aquilo
que ela procura obter ou realizar quando o tempo lhe brinda com uma folga.
O que fazemos com o tempo ocioso,
seja ele um tempo livre ordinário ou extraordinário, é aquilo que, de fato, nos
anima e mais nos faz querer viver.
E isso que procuramos, que nos
motiva, é justamente o “tesouro” que revela quem e o que somos.
COM O PERDÃO DA PALAVRA - Santo Agostinho ensina-nos que devemos
preferir sempre aqueles que nos criticam, porque nos corrigem e nos afastam do
mal, àqueles que nos lisonjeiam porque nos corrompem e nos distanciam do bem.
Infelizmente, na sociedade atual,
a lição não apenas sistematicamente é ignorada. Ela é maliciosamente invertida.
Hoje, o bajulador passa a ser
visto pelas almas incautas como o melhor amigo que alguém pode ter,
simplesmente porque o biltre lhe massageia o ego, de quem e quando lhe convém,
para estraga-lo até à medula.
E, sejamos francos: os cínicos
aduladores cívicos hodiernos têm sido muito bem sucedidos nesse empreendimento
diabólico, para a infelicidade geral da nação.
(*)
Professor, cronista e bebedor de café.
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