Por Dartagnan da Silva
Zanela (*)
Qualquer proposição de uma
reforma do sistema educacional e, consequentemente, todas as discussões que
verterão da mera ventilação de uma proposta desse gênero, estarão condenadas a
morrer na casca.
Isso mesmo. Morrer na casca. E,
assim o é, por causa de fatores que, em si, nada tem que ver com a dita cuja da
educação, mas que, de maneira tangente, tem uma influencia acachapante sobre as
atividades desenvolvidas em uma sala de aula.
Destes fatores, destacamos, aqui,
nessa parva missiva, apenas sete, os quais seriam:
(i) a educação é organizada na maioria
absoluta das vezes por políticos e burocratas que nunca educaram ninguém e, em
muitos casos, nem mesmo terminaram a sua própria educação. Há inclusive alguns
que, um dia, estiveram numa sala de aula, mas que, se tornaram burocratas para
fugirem da tal sala de aula e agora lá estão para dizer o que deve ou não deve
ser feito em matéria de educação.
(ii) Há inúmeras pressões de
ordem corporativista que interferem na organização da vida escolar. Por
exemplo: o número de aulas que caberá para essa ou para aquela disciplina
significa o número de vagas de trabalho que, obviamente, é um fator fortemente considerado
pelos educadores; muitas vezes não por considerações pedagógicas, mas sim, por
uma questão de defesa de seu minguado quinhão.
(iii) Temos a pressão das hostes
sindicais que tem, na maioria das vezes, como principal diretriz, determinadas
inclinações político-ideológicas e suas consequentes ligações partidárias. E
isso, sem falar que, de modo similar a muitos burocratas, muitíssimos
sindicalistas esqueceram-se o que é uma sala de aula e o que realmente deve
ocorrer dentro dela.
(iv) Contamos com uma legislação
(o ECA, de maneira especial), com instituições e entidades que praticamente são
um instrumental de engenharia social que fomenta em meio às tenras gerações uma
gama de atitudes anti-sociais que, por sua deixa, pervertem o ambiente escolar e
dificultam significativamente qualquer atividade educativa.
(v) Não podemos deixar de lado a
cultura midiática contemporânea que de modo avassalador infunde nos mancebos (e
nos adultos também e principalmente) toda ordem de anti-valores que vão desde o
sensualismo desenfreado, passando pelo hedonismo egolátrico e chegando ao
tribalismo rasteiro que, ao seu modo, inviabilizam significativamente as
atividades educativas.
(vi) Também, não deixemos de
enumerar o fato de que muitas famílias não são famílias. Muitíssimas famílias
fazem como Pilatos e simplesmente lavam suas mãos em relação à educação dos
filhos, jogando tudo nas paletas da escola como se essa instituição tivesse o
dever de realizar pelos infantes tudo aquilo que os genitores se recusam fazer.
Sim, sei que isso é uma palhaçada sinistra, mas é a real palhaçada do dia a dia
do sistema educacional brasileiro.
(vii) Por fim, não podemos falar
em uma séria mudança nos rumos do nosso sistema de ensino se não exorcizarmos
da vida educacional, da alma do professorado, esse exu que é Paulo Freire com
todas as hostes de seus maus agouros marxistas e demais sequazes marxianos. As
ideias, as concepções educacionais de nosso país foram e são deformadas
profundamente pela influência das obras desse senhor e de seus seguidores;
ideias que, literalmente, devastaram o ensino em nosso país.
Por essas e outras sou franco em
dizer: não tem como mudar os rumos da educação de nosso país, não há meio de
mudarmos nossa colocação no PISA se não mexermos nessas sete colunas tortas; e
mexer nessas sete colunas irá gerar, com certeza, um punhado de gritos
histéricos, de manifestações histriônicas e de protestos burlescos que
provavelmente irão atravancar muitíssimo mais o nosso decrépito sistema
educacional e bem como qualquer possibilidade de uma discussão séria sobre o
assunto.
Bem provavelmente continuaremos a
ver muita gente dissimulada com seus simulacros de criticidade a parlar alto
sobre o tema para poder cinicamente continuar parasitando a educação,
enfraquecendo-a e pervertendo-a, ao mesmo tempo em que irão jurar de pés juntos
que a defendem com todas as forças de seus corações.
(*)
Professor, cronista e bebedor de café.
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