Por Dartagnan da Silva
Zanela (*)
(1)
A presunção é o medalhão de
distinção do ignorante. Ele crê, candidamente, sempre saber tudo, mesmo sem ter
dado o devido tempo, e a indispensável atenção, para aprender alguma coisa. Seu
mundinho, vasto e profundo como seu umbigo, é toda a realidade para ele, mesmo
que isso, em termos simples e bem ponderados, nada seja além do que um circo
armado por seu ego, mimado e inchado, para, toscamente, curtir os inúmeros
produtos fecais de sua mente oca.
(2)
Qual será o futuro da Europa?
Será o fruto da resposta que os europeus, e o Ocidente como um todo, derem ao
desafio que o tempo presente lhes faz. E qual será o futuro do Brasil, de nosso
triste país? A resposta é a mesma: dependerá do que estamos dispostos a fazer
frente ao quadro em que nos encontramos e, em ambos os casos, no europeu e no
brazuca, são temerários os dias que estão por vi. Ao que tudo indica, a
resposta que será dada em ambos os cenários estará muito abaixo da magnitude dos
problemas que nos impiedosamente nos sitiam.
(3)
Um gentil amigo, em conversa
casual, perguntou-me se eu estava triste, se algo havia ocorrido comigo para
não estar sorrido. Respondi-lhe que nada havia ocorrido que me arrastasse para
as sombras da alcova da tristeza, porém, confesso: estou melancólico. Em termos
shakespearianos, estou bem melancólico. Sim, isso eu estou. Sorumbático com
tudo que minhas vistas contemplam e, taciturno, fico a meditar sobre a minha
impotência demasiadamente humana frente à realidade que testemunho. E, sem nada
poder fazer diante do caos reinante, tento, ao menos, entender os entreveros
que assombram nossos dias e, quanto mais claro esses buchichos se tornam, mais
macambúzio acabo ficando.
(4)
A malícia é a caricatura que o
demônio faz da sabedoria. A esperteza malandra é a imitação estulta da
caricatura sombria. O sábio, por sua deixa, sabe reconhecer uma e outra à luz
do temor reverente despertado por Àquele que é a Verdade que nos aponta o
Caminho para a Vida.
(5)
A história explica-nos o que deu
certo e o que redundou em fracasso, e é isso bom; a literatura ensina-nos o que
é desejável e o que não é, e isso também é bom; já a poesia nos auxilia a
sermos aqueles que devemos ser, e isso é muito bom.
(6)
O importante não é pensar, mas
sim, agir. Bobagem. Pensar é uma forma de ação que, necessariamente, deve
anteceder todas as demais para que nossas realizações não sejam inconsequentes
em seu desfecho e desastrosas em seu desenrolar.
(7)
Os bons, os bons alunos, sempre
avançam, sempre seguem pra diante, não importando as circunstâncias. Eis aí um
determinismo canalha. Uma bobagem cínica e desmesurada que, quando dita, o é
por uma motivação vil, por um desejo de parecer uma alma boazinha,
politicamente correta. E assim o é não por uma sincera preocupação com os
caminhos e descaminhos da educação. Não mesmo.
Infelizmente, não são poucos os
alunos que desejam havidamente ser alguém através do ato de conhecer, que se
encontram inseridos num sistema educacional fundado no coitadismo, numa
estrutura que olimpicamente desmerece e enxovalha o mérito, que desanimam e, ao
invés dos infantes crescerem, acabam adaptando-se a mediocridade reinante que, tristemente,
é tão valorizada hodiernamente por aqueles que dizem ser doutos nesse babado
sem nunca ter, de fato, educado alguém. Nem a si mesmos.
(*)
professor e cronista.
Site:
http://dartagnanzanela.webcindario.com/
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