BLOGICAMENTE FALANDO – parte IX

 Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(1)
Uma sociedade onde todos os indivíduos teriam seus desejos, todos eles, satisfeitos, é uma tentação infernal, haja vista que os desejos humanos, quando não contidos pela disciplina das virtudes, são um verdadeiro saco sem fundo que nos leva a auto-destruição.

Aliás, não é por menos que as pessoinhas que vivem batendo no peito dizendo que o desejo é fonte inexaurível de direitos sejam tão destemperadas de caráter e, invariavelmente, portadoras de uma personalidade mimadamente irascível.

Não é à toa, não mesmo, que seitas sombrias pregam algo similar e, nesse caso, a similaridade não deve ser considerada como um reles acidente verbal.

(2)
Quando alguém diz que a escola pra ser boa tem que ser "crítica", das duas, uma: ou o caiçara é, definitivamente, um doutrinador sem escrúpulos, um canalha militante, ou, no mínimo, um reles idiota útil. Um estulto que imagina que uma palavra bonitinha (como a tal de educação “crítica”), esvaziada de seu sentido originário, e reduzida a um parvo jogo de linguagem, seria capaz de tornar as pessoas mais sabidas, desde que, obviamente, as pessoas ignorassem a má intenção ideológica que se faz presente em todo esse palavrório, oco e totalitário, fantasiado de democrático para ludibriar as almas desarmadas que, infelizmente, não são poucas nesse país. Não são poucas e, na maioria dos casos, para piorar o quadro, são devidamente diplomadas e se consideram mui críticas por causa desse papel mal impresso.

(3)
Quando um cretino diz que a educação deve ser supostamente crítica, o que ele está dizendo, mesmo, é que no lugar de uma verdadeira educação, o que deve existir, no seu entender, é o que há: uma rasteira doutrinação marxista amancebada com um punhado de tranqueiras similares. Só isso. Nada mais.

E tem outra: mesmo que o biltre ache essa doutrinação a coisa mais linda desse mundo, ela continuará sendo o que é: um subproduto vil de um amontoado de almas desordenadas. E assim o é porque tudo o que um infame considera como sendo uma boniteza, jamais passará de uma miserável e vil ignomínia. Só isso e nada mais; mesmo que ele e seus pares insistam em convencer-nos do contrário.

(4)
Em ano eleitoral, tudo é proclamado em nome do povo, sem necessariamente levá-lo em consideração. Em tempos como esse tudo é feito pelo e para o povo, apesar da existência dele.

(5)
Gosto de gente simples, não por serem simples, mas sim, por serem sinceras e verdadeiras no que dizem e íntegras naquilo que são. Gosto de pessoas que vivem simplesmente como pessoas, por viverem a vida sem todos aqueles salamaleques politicamente corretos; gente que dispensa todas aquelas afetações de superioridade fingida que a galerinha supostamente esclarecida ama tanto ostentar em suas dissimuladas vidinhas.

(6)
Você entende melhor uma determinada narrativa histórica sobre um acontecimento qualquer não tanto pelo que dele nos é contado, mas sim e principalmente, sobre o que a respeito dele nos está sendo omitido, distorcido e negado. Compreende-se melhor a verdade sobre algo através da análise das entranhas das mentiras que a maculam. Sem que elas queiram, as farsas e dissimulações acabam nos falando muito mais sobre a verdade - que elas tanto se esforçam para ocultar em suas sombras - do que realmente os autores do engodo gostariam que fosse sabido. Basta prestar a devida e necessária atenção para enxergar o óbvio ululante.

(7)
Ficar dizendo aos outros que é preciso estudar história por esse ou por aquele motivo sem realmente dedicar-se ao babado é coisa de idiota presunçoso ou de militante adestrado. Quem de fato a estuda sabe que toda vez que ela é evocada publicamente é por pura sacanagem, jamais por amor ao que dela se pode colher.

(*) professor e cronista.

Site: http://dartagnanzanela.webcindario.com/

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