Por Dartagnan da Silva
Zanela (*)
(1)
O desejo é parte da vida, mas não
é a mais importante. Há desejos que importam, porém, o desejar, em si, não pode
ter tanta importância assim em nossa alma. Quando os nossos quereres - os nossos
pequenos e tacanhos quereres - passam a marcar o prumo de nosso horizonte é
porque perdemos totalmente o rumo de nossa existência.
(2)
Desejos são possibilidades de
realização dum querer humano. Há possibilidades que são desejáveis e, outras
tantas, que são desprezíveis. Para diferenciar uma da outra é necessário que
nossa vontade seja sólida como uma rocha. Caso contrário, não será ela que dirá
o que é ou não é abominável, mas sim, os desejos mais vis que passaram a
determinar o que deveremos ser devido a nossa total fraqueza de caráter.
(3)
Todo aquele que coloca os seus
desejos no cume da hierarquia de prioridades de sua vida é, inevitavelmente,
candidato a ser uma alma fútil e frustrada. Fútil, porque os desejos sempre
amesquinham a visão dos deveres. Frustrada, porque quanto mais desejamos,
maiores são as possibilidades de nos decepcionarmos; e se realizarmos tudo o
que queremos facilmente nos entediamos com a futilidade de nossos desejos.
(4)
Todo idiota diz, com falsa
modéstia, que errar é humano. E o diz para ais facilmente aliviar a sua
maliciosa consciência. As almas aquilatadas, por sua deixa, erram, como todos
os seres humanos, porém, corrigem com modéstia a sua claudicação sem procurar
uma justificativa “moral” para amenizar a sua culpa e, assim, aliviar a sua
consciência.
(5)
A ignorância é a raiz de todos os
males. Ela encontra no egoísmo a sua desculpa ordinária e no coletivismo
justificação ideológica. E tudo isso é feito para mais facilmente nos
desfazermos da responsabilidade por todas as nossas turvas obras.
(6)
A educação, os bons modos e as
salutares inclinações dum infante, têm suas raízes nas virtudes de seus genitores
e dos adultos próximos ao pequeno; da mesma forma que a deseducação, os modos
vis e as inclinações degeneradas duma criança, têm suas raízes firmadas nos
vícios de seus pais, familiares e demais adultos que convivem com o guri.
(7)
Nossos filhos, com seus hábitos,
revelam o que há de melhor em nós. E o que há de pior também.
(*)
professor e cronista.
Site:
http://dartagnanzanela.webcindario.com/
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