Por Dartagnan da Silva
Zanela
(1)
É natural que uma criança ame
seus pais. E, por amá-los, os infantes procuram a todo custo atender as
expectativas dos seus genitores, imitando-os das mais variadas maneiras.
Essas expectativas, por sua
deixa, não são captadas pelos pequenos através das nossas palavras vazias que
versam sobre a importância disso ou daquilo. Não mesmo. Eles apenas dão
importância àquilo que nós realmente gostamos; os abençoadinhos realizaram,
literalmente, apenas aquilo que nós, através de nossos gestos, atos e desejos
insinuamos ser bom.
E eles nos imitam por entenderem
que estão atendendo a tudo o que imaginam ser o comportamento apropriado para
uma pessoa adulta, haja vista que o desregramento, nas mais variadas formas,
lhes é apresentado como padrão por meio de nossos impensados gestos e por
intermédio de nossa maneira deprimente de viver.
Resumindo: muito do desregramento
manifesto pelos infantes é simplesmente o produto do que fora aprendido por
eles através da leviandade mal dissimulada da multidão de adultos que se negam
a agir feito gente grande e, por um ato falho, nega-se a reconhecer que o mau
comportamento dos púberes é a sua cópia escarrada.
(2)
Todo aquele que se recusa a
reconhecer-se como responsável por seus atos possivelmente pode ser um
psicopata. Agora, todo aquele que se nega a aceitar o fato de que para uma
criança amadurecer ela deve, necessariamente, aprender a agir de maneira
responsável é, sem sobra de dúvida, um canalha completo, sem pôr nem tirar
nadica de nada.
(3)
Existem muitos indivíduos que
estão rotulando as manifestações que se fizeram presentes nas redes sociais
contra a evidente desorientação ideológica da última prova do ENEM como sendo
uma forma de burrice declarada dum conservadorismo tacanho. Fazer o que? Faz
parte do jogo.
De mais a mais, todo militonto,
declarado ou enrustido, adora chamar todos aqueles que não rezam de acordo com
sua cartilha infame de burros. Não há nenhuma novidade nisso. Como havíamos
dito, faz parte da brincadeira.
Porém, há algumas almas sebosas
que gostam de fazer aquela velha pose afetada, de intelectual equilibrado e
iluminado, todo limpinho e higienizado com detergente de maça, dizendo que:
“[...] dá para debater com gente conservadora, pois vários conservadores do
passado eram brilhantes: Burke, Tocqueville etc. Mas não dá para discutir com
gente tapada e que se orgulha da estupidez”.
Pois é, meus caros, casos como
esse são um exemplo de malícia pura e da pior espécie.
Explico-me: quando um caboclo diz
que os conservadores do passado eram brilhantes ele está querendo dizer que
intelectuais conservadores, vivos e atuantes, como Roger Scruton e Theodore
Dalrymple não o são? Não sei. Talvez queira, omitindo os nomes dos vivos, dizer
que eles não existam. Talvez.
Ou então, o sujeitinho está
querendo dizer que ele, todo fofinho e gostoso, só discutiria com figuras da
envergadura Burke e Tocqueville por acreditar que estaria à altura deles? Se
for isso, digo: que dó.
Mudando de saco pra mala, faço
outra indagação aos meus alfarrábios: o que Scruton e Dalrymple diriam se eles
tivessem acesso à famigerada prova do ENEM? Pior! O que Edmund Burke e Alexis
de Tocqueville, se vivos fossem, diriam a respeito da referida avaliação? Provavelmente
a porca iria torcer o rabo.
Abreviando o entrevero: todo
aquele que realmente conhece a obra desses senhores, dos vivos e dos falecidos,
pode imaginar muito bem o que eles diriam. Bem provavelmente, se os doutos
militontos tivessem essa capacidade, engoliriam a seco sua estupidez orgulhosa
ao invés de ficar colando-a nas costas das pessoas que simplesmente veem o
óbvio ululante com os próprios olhos sem a necessidade de uma viseira
ideológica furibunda para mutilar a realidade e salvaguardar sua ignorância.
Viseira essa que os militontos,
de todos os naipes e calibres, são incapazes de dispensar por questões que é
melhor nem comentar.
(4)
Todo aquele que despreza, ou faz
pouco caso da disciplina, não está interessado em educação. Provavelmente nem
saiba o que é isso. Na maioria dos casos, o negócio dessa gente é bem outro e,
invariavelmente, passa bem longe da dignidade duma boa formação.
(5)
Nem sempre o silêncio é desejado
por nossos inquietos corações, mas invariavelmente ele é o melhor remédio para
nossas desordenadas palpitações.
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