Por Dartagnan da Silva
Zanela
(1)
Todo aquele que, de vez em
quando, diante do mundo atual, não se sente apatetado, apenas revela a todos
que ele não passa de um completo idiota em tempo integral.
(2)
Até tento parecer uma pessoa
educada, mas não adianta muito não. O brucutu acaba sempre falando mais alto.
(3)
Lembro-me, com carinho e
gratidão, de todas as pessoas que semearam generosas sementes em minha alma
para que eu não fosse um campo estéril.
Não tenho dúvidas de que meu peito
é um solo seco, mas isso, de modo algum, desqualifica a grandeza das mãos que
de maneira bondosa lançaram em mim boas sementes.
Uma dessas almas é meu querido
tio Arcineu, o tio “Budo”, que hoje partiu desse vale de lágrimas para estar
junto dos justos na pátria celeste.
Lembro-me de muitas lições bem
humoradas que o tio sempre nos dava. Destas, lembro-me sempre duma que, vez por
outra, partilho com meus pequeninos alunos.
Certa feita, eu e meus primos
estávamos brincando com alguns pedaços de massa de pão. Na verdade, estávamos
em uma folia só.
O tio, com sua camisa aberta e um
sorriso largo no rosto disse: “Venham cá piazada, que eu vou contar uma
história pro cêis”.
“No começo dos tempos Deus fez o
trigo com seu talo todo cheio de grãos até próximo do chão. Deus foi generoso e
nos deu pão com fartura. Porém, as pessoas não o utilizavam com sabedoria nem
com bondade. Usavam o trigo pra tudo, inclusive para o que não se deve. O Pai
celeste vendo isso entristeceu-se e então, puxou o talo com seus dedos deixando
apenas um pequeno cacho. O cacho que todos conhecemos e disse: esse aqui é para
os inocentes”.
Ao ouvir isso, nos envergonhamos
e paramos com o fervo. Na verdade, nunca mais brinquei com comida.
Eu tinha uns sete anos de idade
quando ele disse isso e, até hoje, lembro-me com clareza não apenas das
palavras, mas do momento em que ele disse essa inocente lição que, entre outras
tantas, trazem um bom tanto de luz em meu coração.
Enfim, hoje a Jerusalém celeste
está em festa, a sorrir com o seu contagiante gargalhar. A nós, aqui neste vale
de lágrimas, fica a saudade.
(4)
Ser grande não é ser reconhecido
pela distinção de seus feitos, mas sim, fazer da altivez a matéria prima de
todos os seus feitos, principalmente daqueles gestos anônimos e pequeninos que
preenchem e dão sentido a nossa porca vida.
(5)
Antes de exigirmos o cumprimento
das leis, antes mesmo de batermos no peito para protestar contra a violação de
nossos direitos é imprescindível que resgatemos e cultivemos em nossas vidas o
velho bom senso regado com uma boa dose do indispensável semancol.
(6)
Sábio não é aquele que sabe o que
diz, mas aquele que sabe o que faz e porque o faz.
(7)
Lembre-se disso: ao ouvir um
militonto que parla suplicando o benefício da dúvida, não se esqueça do papel
higiênico. Dependendo do caso, o álcool em gel faz-se indispensável.
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