Por Dartagnan da Silva
Zanela
“O Conhecimento da verdade é fruto da
humildade”. (São Bernardo de Claraval)
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A humildade é esforço e o
primeiro esforço é a verdade. Assim nos ensina São Bernardo de Claraval. Diante
dessas palavras fica praticamente impossível não constatarmos a total carência
da referida virtude em nossa sociedade.
Para realizar algo com mestria,
para aprendermos qualquer coisa com um mínimo de zelo, é de fundamental
importância que procuremos elevar o nosso entendimento à altura daquilo que se
pretende compreender e, para tanto, necessariamente devemos nos curvar diante
da majestade da realidade. Por isso a humildade é um esforço para o alto e a
soberba uma força que nos arrasta para baixo.
Sem um relativo empenho em nos
tornarmos parte da verdade, do objeto que pretendemos entender, nada realizamos
e, muito menos compreendemos.
Fecharmo-nos em nosso mundinho
pode até nos dar uma pseudo-sensação de segurança, mas essa pseudo-sensação não
amplia o nosso horizonte de compreensão.
Vejamos alguns exemplos simples
da negação dessa realidade ululante: não se aprende dirigir um carro da maneira
como queremos que ele seja dirigido; apenas podemos aprender a guiá-lo de
acordo com a forma como ele foi projetado para ser conduzido. Outro: não se
prepara um risoto de qualquer maneira, mas apenas, da maneira como ele deve ser
feito para ser, de fato, um risoto e não outra coisa. Ou ainda: não se aprende
a falar uma língua estrangeira do jeitão que queremos que ela seja falada;
apenas aprende-se a falá-la na medida em que humildemente nos dobramos as
regras e vocábulos dela.
Se fôssemos seguir com o andor,
os exemplos inundariam várias páginas, porém, isso não é necessário não. O que
realmente interessa-nos é reconhecermos que a virtude da humildade passa longe,
bem longe, dos corolários que fundamentam a educação brasileira e,
principalmente, a referida virtude não deita raízes nas iluminadas mentes que
(des)orientam a pátria dita educadora.
Quanto ao desejo à verdade, nem
se fala. De tanto nos aferrarmos ao relativismo moral e cultural não mais
sabemos diferenciar o que é essencial do que é acidental. Aliás, por não
sabermos fazer tal distinção, com grande frenquência trocamos um pelo outro sem
a menor cerimônia porque o esforço na direção da verdade não se faz presente
entre nossos hábitos, da mesma forma que a virtude da humildade não encontrou
morada em nossos costumes, porém, em ambos, em nossos hábitos e costumes, o
relativismo moral e cognitivo edificou um soberbo império que hoje tiraniza até
mesmo as nossas mais reles percepções.
De mais a mais, humildade, aqui
nesta terra de papagaios diplomados, é sinônimo de fazer-se de coitadinho
soberbo. Isso mesmo! Coitadinho soberbo que quer que todos respeitem o que ele
diz, mesmo que ele nunca tenha pensado no que fala, porque pensar é um esforço,
humilde, que nos leva a verdade e, tal coisa, não tem lugar numa sociedade onde
a vaidade acomoda-nos a vivermos de acordo com a insignificância de nossa
mendacidade.
Enfim, a humildade é esforço e o
primeiro esforço é a verdade, conforme nos ensina São Bernardo de Claraval e,
por isso mesmo, quem não procura a verdade, ou soberbamente a nega, não sabe o
que é a humildade; e onde ela não faz morada, a educação não passa duma
perversa piada sem a menor graça.
Ponto e fim do causo.
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