Por Dartagnan da Silva
Zanela
(1)
O Brasil é um país que valoriza
tanto, tanto a cultura, que os livros são encontrados em todas as partes,
inclusive nos cestos e latões de lixo, porém, raramente são vistos diante dos
olhos dum leitor, haja vista o minguado número desse tipo humano nestas terras
de piriguetes, pitboys e similares.
(2)
A hipocrisia que reinou em outras
épocas utilizava os livros como artigos decorativos. Os indivíduos desprezavam
o conteúdo dos volumes, mas admiravam a sua luminosa presença, manifesta
através de suas sólidas e delicadas curvas. Hoje, o cinismo que impera,
confessa desavergonhadamente o seu total desprezo por eles. E faz-se isso de
tal maneira que nem mesmo beleza esses tipinhos reconhecem na forma dos
volumes, sem falar que eles desprezam totalmente a luz que habita nas páginas
impressas.
(3)
O Brasil está cada vez mais com
as feições de um manicômio. E, nessa casa de lunáticos, a classe falante seria
formada basicamente por neuróticos, o legislativo por esquizofrênicos, o
judiciário por catatônicos de toda monta e o executivo por uma horda de
psicopatas dos mais variados tipos. Não que isso esteja sendo desenhado nessa
ordem, mas inevitavelmente está ficando com essa forma. Não é à toa que o povo
esteja tão aturdido sem saber o que fazer com as tais instituições de nossa
embriagada democracia. Não é à toa mesmo.
(4)
Não perca tempo dando trela para
as sandices de um cidatonto; apenas puxe a descarga e siga seu caminho que o
fulaninho seguirá criticamente o dele.
(5)
As palavras que na realidade
conhecemos são a medida do nosso conhecimento da realidade.
(6)
Aquele que não compreende o
sagrado e suas inspiradas letras, por ver-se imerso em sua imensurável e
presunçosa ignorância, prefere esconder-se sorrateiramente por trás de
versículos mal recortados para não ter de ver a luz da Verdade e, desse modo,
acaba semeando (in)voluntariamente a divisão soberba através da sordidez dos
atos de sua pútrida alma mal disfarçada numa pose chinfrim e afetada de
pseudo-sobriedade.
(7)
Todo aquele que se apega a
fragmentos dum texto, confessa sua total incapacidade para compreender o
contexto duma única só palavra. De um texto inteiro, nem pensar. Para tanto,
exige-se um bom tanto de tutano. Na verdade, gente desse naipe, não passa de um
poço sem fundo de incompreensão presunçosa.
(8)
Toda e qualquer finalidade que
não seja clara acabará por gerar uma forma turva e ensejar uma substância
obscura na ação que estiver lavorando pela sua realização, pouco importando as
intenções que o agente tenha em seu coração.
(9)
Sempre haverá alguém fazendo o
serviço sujo para que alguns incapazes digam que o dito cujo foi mal feito.
(10)
O discurso politicamente correto
esvazia a vida da riqueza de seu conteúdo, tornando-a oca e insípida tal qual a
cuca daqueles que vivem com esse tipo de falatório na boca.
(11)
Quem não tem apresso pela
verdade, nem deseja conhecê-la, não tem direito a opinar sobre nada.
(12)
Todo aquele que quer ser muito
esperto acaba, cedo ou tarde, levando um pialo de sua excessiva malandragem e
caindo no conto sem fim de sua própria picaretagem.
(13)
Todos dão testemunho de algo
através de seus gestos, atos, palavras e pensamentos. Cientes ou não, acabamos
dando testemunho da boa ou má conduta alheia e, principalmente, de tudo o que
fazemos e somos. De maneira digna ou ímpia, o testemunhar é a essência de nossa
humana condição, mesmo que insistamos em negar essa ululante realidade.
(14)
Brasília é um circo caro, feio e
com um espetáculo pra lá de chato. E a grande palhaçada é que o ingresso é
compulsório e não tem como devolver. Você pode até reclamar, mas não vai
adiantar não, porque o espetáculo, você sabe, continua.
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