Por Dartagnan da Silva
Zanela
(1)
No Brasil, a regra não é conhecer
para ser. A norma, aqui nessas terras de tupinambás, é dissimular conhecer para
aprender a simular. No fundo, as almas vagantes dessas brasílicas terras não anseiam
tornarem-se pessoas autênticas. Elas contentam-se apenas em serem reles
caricaturas de qualquer coisa e nada mais. Enfim, por essas e outras que nosso
país é uma palhaçada sem graça, do princípio ao fim.
(2)
A forma mais eficaz para aprender
algo é imitar esse algo. Admita-se ou não, a imitação é a maior força
pedagógica que existe. Porém, é de fundamental importância que não confundamos
jamais o imitar com o intento de aprender com o mero dissimular com o intento
de parecer saber. Essa é a diferença fundamental que há entre imitar,
repetidamente, os movimentos de uma arte marcial para aprendê-la e o mero
fingimento afetado. Em nosso país, infelizmente, ignora-se a diferença
existente entre uma coisa e outra e, por isso mesmo, somos o que somos: uma
caricatura de sociedade e um espantalho de nação.
(3)
O sujeito reclamão, de um modo
geral, se auto-consome de dó de si e, por isso mesmo, é incapaz de compreender
o mal que seus atos geram contra os outros que estão em seus em torno. Aliás,
pode até compreender, mas não se importa, haja vista que apenas a sua dor o
consome; a dos outros, no máximo, o impressionam. Em alguns casos, até o
diverte.
(4)
Auto-piedade é a marca dos
canalhas, das almas sebosas e dos revoltadinhos de causa alugada. Dozinho de si
é a ideologia dos cidatontos que se ufanam de serem detentores da tal
consciência crítica alienante e alienada que, diga-se de passagem, é todinha
deles e ninguém tasca.
(5)
Diante dum problema, o ideal, é
tentar resolvê-lo; outra possibilidade é adaptar-se as novas circunstâncias e
também, se julgarmos apropriado, podemos, num ato de estoicismo, simplesmente
conviver e suportar o perrengue com dignidade e nobreza. Qualquer uma dessas
respostas a um quadro problemático é admirável, sem dúvida alguma. Todavia, no
Brasil, dum modo geral a reação as agruras da existência são outros quinhentos.
Aqui, diante de um problema, coletivo ou individual, primeiramente reclama-se,
depois se lamenta e, por fim, protesta-se. Agora, resolver, adaptar-se ou
suportar com dignidade qualquer encrenca que seja, não entra no espectro das
brasílicas possibilidades [depre]cívicas.
(6)
O ser humano é a única criatura
que está no mundo ciente de estar nele; a única criatura que está, ao mesmo
tempo, no mundo e acima dele.
(7)
É inútil tentar explicar para um
homem animalizado o que é uma vida virtuosa. Como nos ensina São Bernardo de
Claraval, fazer isso seria tão inútil quando a entrada da luz do sol através
dos olhos de um cego.
(8)
O homem moderno, ao invés de
distanciar-se das agitações viciosas e das turbulências advindas das
preocupações mundanas, as procura como se a imersão nessas turvas e
tempestuosas águas fosse o elemento que melhor definisse a realização plena de
nossa existência.
(9)
O cúmulo da alienação: um caboclo
que vocifera contra as privatizações através de seu aparelho celular. Um
sujeito desses, literalmente, não sabe o que diz, não tem a menor ideia do que
faz e, é claro, não tem a mais mínima noção do que ele é.
(10)
Se não tivesse existido o SIM da
Virgem Santíssima, não teria sido ouvido, do alto do madeiro da cruz, “Pai,
perdoai-os, porque eles não sabem o que fazem”.
(11)
São raras as pessoas que não
mudam de ideias e convicções no correr da vida. Somente os idiotas e os
canalhas jamais fazem isso. Os segundos não o fazem por malícia; já os
primeiros, por pura incapacidade moral e cognitiva.
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