A PENA QUE DESCANSA NA XÍCARA

 Por Dartagnan da Silva Zanela

(1)
A história é uma forma elegante de esquecer, um jeito erudito para se perder o contato com os fatos.

(2)
Todo mundo tem uma resposta marota e afiada frente a todos os problemas políticos e econômicos que afetam essa terra de desterrados, como se realmente a resposta oferecida por nossos lábios realmente fosse ser aplicada com a eficácia que imaginamos ter. Chega a ser paradoxal: supomos saber o que é bom para o país e para o mundo ao mesmo tempo em que não somos capazes de discernir a respeito do que seria bom ou ruim para nossa porca vida.

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Há duas perguntas que, penso eu, deveriam ser meditadas com a seriedade e a serenidade necessárias. O que temos a dizer a respeito da finitude da vida, da tal da morte? O que sabemos, de fato, a respeito do amor, esse ilustre desdenhado? Pois é, eis aí a raiz quadrada de toda agonia e desespero do homem contemporâneo diante de sua tosca existência.

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O relativismo é a cínica manifestação duma arraigada ignorância a respeita da inclinação natural da consciência humana para a verdade.
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O mau exemplo se espalha tão rápido em uma sociedade quanto as ervas daninhas no campo.

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O exame nacional de excelência em militontice é a prova maior de que estamos atravancando o país, com vaca e tudo, no mais profundo brejo de estultice cinicamente ideologizada.

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Todo aquele que presume julgar tudo à luz de “sua opinião própria” demonstra, com esse gesto, duas coisinhas. Primeira: que é um idiota completo, pois, de um modo geral, todo aquele que diz “pensar” com a própria moringa apenas repete tolamente o que a multidão sonsa afirma cegamente. Segundo: que esse caboclo sofre dum egocentrismo maligno que faz o indivíduo imaginar que a sua posição na realidade é melhor e, para muitos sujeitos desse naipe, a única capaz de interpretar a realidade, mesmo que o dito cujo não compreenda nada do que esteja vendo com os seus deformados olhos. E é por isso mesmo que ele ama encher a boca pra se gabar de que ele pensa com a própria cabeça, mesmo que ele não saiba em que está pensando. Em muitos casos, nem mesmo sabe pra que serve sua linda cabeça.

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Todo militonto que se preze tem muitíssimo mais ódio a todo e qualquer indivíduo bem sucedido na vida que um sincero amor pelos pobres e desvalidos e, por isso mesmo, o tontinho acredita candidamente que é uma pessoa bem boazinha.

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O militonto confesso crê, profunda e sinceramente, que seu o ódio de classe que faz ferver o sangue revoltadinho de suas veias, irá, um dia, redimir a sociedade.

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Uma das grandes tragédias da sociedade contemporânea é o desleixo de muitíssimos pais frente à educação de seus filhos que, por sua deixa, se veem abandonados a própria sorte. E que sorte!

Muitos desses genitores, que mais se parecem com adolescentes mal travestidos de adultos emancipados, desdenham a devida e indispensável atenção a seus infantes por estarem muitíssimo mais preocupados em curtir, doidamente ou não, a sua própria vida do que em zelar pela dos pequenos que o Altíssimo confiou em suas impudicas mãos.

Mais triste ainda é saber que muitos desses negligentes progenitores imaginam que seus curumins sejam criaturinhas impolutas, ignorando que, em regra, um indivíduo displicente dificilmente pode parir, ou gerar, a excelência. Ou, como dizem os populares: a laranja dificilmente caí longe do pé. Sim, há exceções, mas elas são o que são: exceções.

Resumindo o entrevero: dia após dia muitas crianças vão crescendo em irresponsabilidade e vaidade; tornando-se, em seu devido tempo, a imagem e semelhança daqueles que o trouxeram ao mundo.

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Só para constar: mimar não é educar. Educar é o contrário disso. Compreender essa obviedade e parar de fingir que nos importamos com a educação é algo imprescindível no momento atual. Aliás, sem fazer isso não é possível, verdadeiramente, educar.

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A vaidade sempre anda de mãos dadas com a estupidez. Pois é, e por essa razão simples que muitas pessoas inteligentes, com o tempo, tornam-se tão inhenhas e obtusas quando uma pedra.

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