Por Dartagnan da Silva
Zanela
(1)
Todo aquele que deseja comandar
algo, qualquer coisa que seja, deve primeiramente aprender a servir. Quem não
sabe servir o próximo é incapaz de liderar os semelhantes. Por isso, não é à
toa que nossa classe política, dum modo geral e praticamente de maneira
irrestrita, não ser pra nada.
(2)
Não são poucos os ditos “bem
pensantes” que gostam de dizer que os jovens não têm o menor amor pela leitura
e pela cultura dum modo geral. Pois é, mas desses “bem pensantes” que,
infelizmente, conheço muitos, não tenho notícia de nenhum que tenha lido uma
obra que seja de Thomas Mann, Shakespeare ou Cervantes. Até onde sei essa raça
de gente sabida não tem o hábito de ouvir nem Chopin, muito menos Bach e, é claro,
não sabem e nem fazem questão de apreciar uma obra Barroca ou uma Neoclássica
e, mesmo assim, gostam de imaginar-se como sendo umas criaturinhas
“criticamente esclarecidas” e, por isso, amam de paixão tachar todos aqueles
que não fazem pose como eles de ignorantes e alienados. Fazer o que? Essa é a
massa bem pensante com seus juízos delirantes que acredita ter algo de
relevante a dizer para as tenras gerações. Que dó.
(3)
A cultura é a alma de um povo, é
o produto do espírito de certos indivíduos que acaba dando forma, ou
deformando, a vida das pessoas que consomem e admiram isso, ou aquilo, que se
convencionou chamar de cultura.
(4)
Todos se queixam da petulância
dos mancebos dos dias de hoje, mas ninguém quer saber de levantar a pergunta
mais óbvia e inconveniente do mundo: quem ensinou nossos jovens a serem
assim? Quem? A resposta é tão incômoda e
evidente quanto à pergunta.
(5)
Quem imaginava que a avacalhação
em nosso país já tinha atingido o seu limite, enganou-se redondamente. Ninguém
imaginava que a Comandanta iria mandar um capacho seu anunciar uma meta de
déficit para confirmar que ela e seus partidários afundaram o país. E tem mais!
Alguns a muito já avisavam, mas penso que ninguém imaginava que o avacalhador
geral da república iria ousar dar um carteiraço tão na cara-dura no STF como
ele deu para defender a pacutia rubra. Pois é, por isso quem ainda tem alguma
dúvida, não mais se engane: o Brasil definitivamente tornou-se um fiasco,
Brasília revelou-se um picadeiro e, possivelmente, o Brasil, hoje, é maior
circo da história da humanidade.
(6)
O mundo muda; as cidades se
transformam; as técnicas são aprimoradas. Agora, a dita cuja da vaidade, que
ensoberbece o coração humano, continua a mesma de sempre. Talvez, quem sabe, um
pouco piorada; mas, mesmo assim, é a mesma que há milênios acompanha a
humanidade em sua jornada.
(7)
O ser humano adora cultivar um
vício. Grande ou pequeno, pouco importa. O que interessa é que ele seja
cultivado zelosamente. De todos os vícios que se encontram presentes no mercado
das quinquilharias degradantes, o mais procurado, estando no TOP10 desse
vicioso quesito, é o hábito incoercível de tagarelar sobre tudo, em qualquer
ocasião, sem necessariamente saber nada a respeito do que está sendo dito ou
mesmo do que se está falando. O que importa é falar, falar e falar. Falar pela
boca, pelos cotovelos, por onde der. O que não se pode mesmo é silenciar para
não correr o risco de ser assaltado por nossa inconveniente consciência que, no
calar de nossos lábios, começa a pronunciar-se e aí, meu caro, não sobra pedra
sobre pedra no âmago de nossa alma pra contar história.
(8)
A mentira pode até ter pernas
curtas, mas elas são ligeiras o suficiente para que ela possa esconder-se rapidinho
do penetrante olhar da verdade.
(9)
A mentira tem pernas curtas; o
auto-engano, infelizmente, não.
(10)
Uma das coisas mais incríveis no
mundo hi-tech atual é que tudo é dito, usado e ouvido numa montoeira de línguas
e, ao mesmo tempo, nos tornamos cada vez mais incapazes de compreender qualquer
coisa que seja dita e escrita em nossa própria língua mátria.
(11)
Estamos hoje tomados, de tal
maneira, por essa mentalidade besta que vê o ser humano como uma frágil peça de
porcelana, que não mais compreendemos o quanto que, muitas vezes, um vexame, uma
humilhação ou uma vergonha sofrida pode ser algo libertador. Em muitos casos é
a única força capaz de nos trazer de volta para a realidade. A única. Pena que
tal afirmação, hoje, seja algo praticamente incompreensível para os enlouquecidos
ouvidos politicamente corretos.
(12)
É impossível não cometer erros
quando se educa. O que importa mesmo é que a finalidade da ação educativa seja
acertada. Se assim o for, os erros serão absorvidos e mesmo proveitosos.
Entretanto, o que hoje vem ocorrendo com a educação não é uma sucessão de
erros. O que temos é uma série de ações acertadas no intento de realizar a
espúria finalidade que se encontra a nortear todas as ações que integram o
edifício educacional hodierno. Finalidade essa que, no jargão pedagogesco,
encontra-se subentendida no currículo oficial e claramente visível no currículo
oculto que, atualmente, nem é tão oculto assim.
(13)
O ser humano é naturalmente
inclinado a ultrapassar-se, a transcender a si mesmo. Caso o indivíduo não
procure atingir essa meta, isso não significa que ele tenha sua humanidade
diminuta, porém, é inegável que ele está vivendo uma vida que está muito abaixo
do que se espera dum ser humano.
(14)
Entenda uma coisa de uma vez por
todas: o demônio pode até tentá-lo, aliás, ele vive fazendo isso; porém, ele
não pode pecar em seu lugar. Essa cagada fica por sua conta. A responsabilidade
também.
(15)
A medida de nossa felicidade
encontra-se em nossa capacidade de ficarmos sós, em silêncio. Quanto menor ela
for, maior é nossa infelicidade. Daí a necessidade, para muitos, do alarido:
para silenciar o contínuo lamento de sua alma desprovida de uma vida que tenha
algum sentido.
(16)
O “ora et labora” de São Bento
salvou o mundo da barbárie. Hoje, o passo é outro e, consequentemente, o rumo
também. As ideias que atualmente imperam no imaginário coletivo são: “seu
desejo é fonte de cidadania”, “diga sim a tudo, menos ao dever”, “seu querer é
toda a lei” e por aí segue o andor. Enfim, se continuarmos seguindo nesse
passo, o rumo é um só: saltaremos para muito além da barbárie sem perceber.
Isso se já não aportamos nesse infame porto, não é mesmo?
Site:
http://dartagnanzanela.webcindario.com/
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