Por Dartagnan da Silva
Zanela
A
galerinha que tem duas mãos esquerdas, ou que defende propostas e ideias
canhotas sem o saber, tem uma maneira de raciocinar delirante que, se não fosse
danosa, seria digna duma comédia pastelão.
Lembram
das discussões sobre a dita lei da palmada? Pois bem, naqueles idos, para as
pessoas boazinhas que eram a favor da dita cuja qualquer um que se posicionasse
contra a sua aprovação era tido como sendo uma pessoa favorável ao espancamento
de crianças.
Ora,
quando uma pessoa dá uma volta dessa para se empavonar, ao mesmo tempo em que
transforma seus antagonistas em criaturas disformes, das duas uma: ou ela é muito
tonta, ou é mau caráter do princípio ao fim.
E o
que é mais interessante nesses disformes tipos humanos é que eles tratam os
infantes como se eles fossem pecinhas de porcelana extremamente frágeis que
podem ser danificadas a qualquer momento com um olhar feio ou uma bronca
ríspida. Os tontos não percebem que se agirmos desse modo estaremos criando uma
geração de mimados que acredita que tudo deve existir para servi-los e
paparicá-los.
Mas
a vida não é para molengas não meu filho. Vovó sempre me dizia e os fatos nunca
contradisseram essa verdade elementar da existência.
E é
claro que eu não preciso nem dizer que uma pessoa que cresce sendo mimada e
protegida ao extremo pela família, pelas instituições e pelo Estado terá o seu ego
deformado e inflado e não será um ser humano melhor, muito menos um cidadão
ideal.
Na
real, ele será transformado simplesmente num monstro, num poço de insatisfação
que facilmente será manipulado por todo aquele que lhe disser que seu descontentamento
deve ser encarado como um direito fundamental não atendido.
Leis
com a mesma tônica da “lei da palmada”, e mesmo o próprio ECA, são inegáveis
instrumentos de engenharia comportamental em larga escala.
Todo
aquele que trabalha com educação, e não é uma pessoa que “boazinha”, sabe muito
bem do que estou falando. Da mesma forma que todo indivíduo que tenha deitado
as vistas no livro “O Maquiavel Pedagogo” de Pascal Bernardin, compreende
muitíssimo bem a gravidade do quadro atualmente vivido em nosso país que vem a
décadas deformando gerações e gerações de indivíduos que, em muitos casos, hoje
exercem poder sobre a sociedade.
Se
não nos enquadramos em nenhuma das hipóteses, conjeture a seguinte situação:
você está em uma sala de aula e, um aluno, digo, sete alunos, pintam e bordam
na classe. Debocham de você, implicam com todos e com tudo. Os pais dizem que
não podem com a vida deles e a escola esgotou todas as possibilidades
ventiladas pela sua limitada autoridade. O que se deve fazer? Chamar o Conselho
Tutelar? A patrulha escolar? O Chapolim Colorado?
Pois
é, tamanha é a morosidade burocrática criada que qualquer possibilidade
educativa de uma ação punitiva vê-se transmutada em seu contrário.
O
recado dado por essa lentidão, pela delegação do exercício da autoridade de um
para outro, dá um claro recado para o infante desajustado que tudo isso não
passa de um faz de conta que, no fundo, não da nada (e não dá mesmo) e que quem
manda no pedaço é ele mesmo.
Esse
tipo de perversão torna-se cada vez mais cotidiana em nossa sociedade; em nosso
sistema de ensino. Só não vê quem não quer; quem não quer reconhecer as
indefectíveis marcas de suas ideologias nas práticas [des]educativas
implantadas em nosso país e nas leis iníquas que foram inspiradas nelas e que
estimulam a vandalização da ordem dos valores e, consequentemente, de toda a
sociedade.
Mas,
fazer o que? Os iluminados são eles que estão tentando mudar a natureza humana
para edificar uma sociedade perfeita. E sonham isso se esquecendo das máculas e
vícios que habitam os seus corações que deformam, direta e indiretamente, a
sociedade.
Na
verdade, todo esse papo utópico de gente muito metida à boazinha e sabidinha é
apenas uma declaração inconfessa de que eles querem apenas, por um complexo
narcísico, transformar a sociedade e a natureza humana em algo tão disforme
quanto eles mesmos para, desse modo, não sentirem-se mais tão solitários em
seus devaneios totalitários. Intenção essa que, a cada dia que passa, torna-se
cada vez mais evidente.
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