APOTEGMAS DUMA PENA DESOCUPADA – parte X

 Por Dartagnan da Silva Zanela

(CXXI)
Pai é aquele que dá a vida pelas suas crias; que muitas vezes sacrifica seus planos para auxiliar seus rebentos na realização dos deles. Ser pai é não perder a esperança nos filhos, principalmente quando eles apenas o brindam com uma longuíssima série de decepções. Ser pai é esforçar-se, desafiar os limites do possível, para procurar sempre ser um exemplo de virtude e dignidade para os seus meninos; mesmo que eles estejam com seus olhos voltados para outras coisas que não são dignas, nem virtuosas. Enfim, ser pai, no sentido literal que a palavra evoca, é ser como essa joia rara, que é seu Esmeraldo Zanela, o meu Pai e minha inspiração.

(CXXII)
Quando uma pessoa vibra com a censura cretina de um escritor ou com a possibilidade de algo do gênero ocorrer com um órgão de impressa que destoa da pasmaceira chama branca, não é que ela seja tola. Não. Ela é criticamente idiota e eticamente estúpida. Só isso.

(CXXIII)
Daí a César o que é dele e aos petralhas todas as mandiocas que eles quiserem.

(CXXIV)
Quem diz não ver a crise, bom sujeito não é. Ou é ideologicamente lesado da cabeça, ou está envolvido no esquema da cabeça aos pés.

(CXXV)
Todo mundo tem lá sua cota de idiotice para usar como bem desejar. O problema é que os militontos, os notórios e os que o são por adesão sonsa, abusam pra caramba desse goró. Eles se esquecem que a idiotia deve, necessariamente, ser consumida com muita moderação. Enfim, se eles são um porre, não é à toa.

(CXXVI)
Quem tem grana, muita ou pouca, e algum caráter, está escandalizado com a crise. Já aqueles que têm algum cascalho, não precisa ser muito, e nenhuma dignidade, fazem pouco caso do quadro atual, tristemente ilustrado com panelas cheias de insatisfação e justa revolta.

(CXXVII)
O poder tem o seu charme, dizem alguns. E, tal dito, tem lá a sua razão de ser. Por isso mesmo, o seu abuso é pura e simples cafonice de gente medíocre no caráter e tartufo de coração.

(CXXVIII)
O poder é tal qual um estojo de maquiagem. Nas mãos de quem sabe usá-lo, ele apenas realça as qualidades inatas da figura. Porém, se cair nas mãos dum cafona inveterado; bem, todos sabem que ele irá apenas realçar a inata falta de predicados da pessoa. Todos sabem disso, menos a persona que está toda rebocada de rouge e baton.

(CXXIX)
Quem não procura ver a realidade com os olhos da cara, cedo ou tarde acaba sentindo-a, com toda sua rudeza, no olho escuro que não ilumina a face.

(CXXX)
É verdade que tudo na vida tem o seu lado bom, porém, isso não quer dizer que ele não será amargo.

(CXXXI)
Toda sociedade civil fragmentada e desorientada tende a ser governada por uma casta solidamente organizada.

(CXXXII)
Quando a sociedade civil não se organiza para defender-se daqueles que querem usurpá-la, ela acaba sendo saqueada por grupos que dizem ser os seus “legítimos” representantes; grupos que, no fundo, são os mesmos que a estão espoliando.

(CXXXIII)
Caminhar por esse vale de lágrimas sem um propósito maior do que comer, beber, dormir e gozar é reduzir-se, graciosamente, a condição dum bípede canino, turvo no passo e infiel no agir.

(CXXXIV)
Por mais esquisito que possa parecer, quem ganha à vida honestamente acaba sendo invejado justamente por pessoas que não nutrem a menor estima pela tal honestidade.

(CXXXV)
Uma carranca sincera vale muitíssimo mais que um dissimulado sorriso amarelo.

(CXXXVI)
Da mesma forma que devemos distinguir o elogio sincero da bajulação afetada, devemos também discernir a crítica franca da aleivosa acusação parida pela inveja que floresce nos corações das almas sebosas.

(CXXXVII)
Amigo não é companheiro de gole; é o ombro que está ao nosso lado quando não há gole que console, nem companheiros que distraia-nos com banalidades.

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