EM HONRA À MEMÓRIA DE ORIVALDO FERREIRA CALDAS

Agricultor, carpinteiro, comerciante, barbeiro, padeiro, líder político, seu Orivaldo foi um homem de muitos ofícios, mas de uma única fé. Quem não conhecia o velho Turco? Seria mais fácil apontar aqueles que não o conheciam do que numerar todos aqueles que o tinham na conta de amigo. Amigo que sempre animava os companheiros com suas histórias e causos que, como todos sabem, não eram poucos.

Se fôssemos recontar todos os seus ditos, essa não mais seria uma elégia, mas um portentoso livro. Por isso, não irei aqui contar-lhes nem os causos que ele mais apreciava, nem mesmo aqueles que melhor caiam em nosso gosto. Contarei aqui a última história que ele me contou antes de partir para a Pátria Celeste.

Na cozinha de casa, disse-me que ele havia vindo meninote para cá nos idos dos anos cinquenta. Vieram pelo porto Fanor, e seguiram por uma longa estrada, um tanto de chão, outro tanto de bruto cascalho, na direção de Guarapuava, cruzando o rio Jordão, atravessando os campos do Pinhão, para chegar aqui, nessa terra, que um dia tornar-se-ia Reserva do Iguaçu. Um município que ele muito lutou, juntamente com seus patrícios, para criar.

Seu Orivaldo veio doutro pago para cá e partiu deste mundo noutro pampa distante, mas seu coração nunca saiu daqui. Isso mesmo! Conheço muita gente que diz amar Reserva do Iguaçu, porém, confesso sem temor: não conheço NINGUÉM que devotou tamanho amor por essa terra como ele. Todos sabem disso e NINGUÉM ousaria dizer o contrário.

Mas não é apenas de causos e ousadia pioneira que faziam esse homem ser que ele foi. NÃO. Ele era um homem de fé. Duma fé tão sólida quanto os desafios que a vida incessantemente lhe apresentava.

E sobre sua fé há uma passagem que, se vocês me permitem, gostaria de partilhar. Não por vaidade. Mas porque esse diálogo também, como outros tantos, tem uma boa semente para cevarmos em nosso coração.

Ele sempre me dizia o seguinte: meu genro! Todo aquele que me calunia, me xinga ou semeia cizânia em minha vida, de mim ganha um presente. Que presente, perguntava eu? Passo a rezar, dizia ele, pelo infeliz todos os dias, conforme nos ensinou Nosso Senhor. Rezar pelos que nos causam dissabor é a maior prova de amor que podemos dar Àquele que nos ensinou, na Cruz, a amar.

Palavras como essa diziam, e dizem, qual é o quilate desse homem que partiu para ocupar o seu merecido lugar entre os justos.

Enfim, se cada um de nós amar essa abençoada Reserva do Iguaçu como ele amou e se nos esforçarmos para vivermos nossa vida de acordo com a fé que nos é ensinada pela Santa Madre Igreja como ele zelosamente procurou viver, essa terra margeada pelo Iguaçu que ele tanto amou será, um dia, maior que seu passado e mais luminosa que seu presente.

Esse legado de fé, perseverança e civismo que nos foi deixado por ele, nós não temos o direito de desprezar.

Em 13 de julho de 2015, 15ª semana do Tempo Comum.

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