Por Dartagnan da Silva
Zanela
(LXIII)
Dum
modo geral, exemplos de virtude são ocasionais, mas a mediocridade é uma
constante. A primeira é discreta e abnegada, por natureza. A segunda é
histriônica, espalhafatosa, por necessidade.
(LXIV)
Socialismo,
nazismo e fascismo são irmãos siameses. Não tem jeito. Só não vê quem está com
as vistas arruinadas ou adoentado da cabeça.
(LXV)
Pelos
frutos conhecereis. Esse é um dos conselhos mais úteis para a orientação de
nossa peregrinação por esse vale de lágrimas e o primeiro que é desdenhado
quando se adere à totalitária estupidez ideológica canhota.
(LXVI)
Um
pedido de perdão desacompanhado de um sincero arrependimento é tão inútil
quanto o uso de uma aspirina para tratar os sintomas da dengue.
(LXVII)
O
caráter é tal qual o aço duma espada. Quanto mais vezes ele for provado pelo
calor das chamas, quando mais golpeado for pelo martelo do senhor da forja,
mais nobre e única torna-se a têmpera de sua alma.
(LXVIII)
Todos
sabem que o inferno está cheio de "boas intenções". O que nos
esquecemos de levar em consideração é que essas ditas cujas são apenas boas
dissimulações, nada mais que reles simulacros de bondade. Quanto às reais
intenções, não precisamos nem dizer. Todos sabem o que elas de fato são do
princípio ao fim. Apenas nos recusamos a reconhecer o óbvio ululante.
(LXIX)
O
bem como fim, necessariamente, se auto-justifica e qualifica os meios que levam
a sua realização. Todavia, quando o mal é a finalidade a ser atingida, não há
nada, nada, que substancialmente o justifique, pouco importando o meio
utilizado para sua concretização.
(LXX)
Uma
taça de vinho barato e a silenciosa solidão noturna são uma boa combinação,
desde que estejam devidamente acompanhados dum bom livro, dum lápis e de uma
amarelada folha de papel para escrevinhar.
(LXXI)
Não
sei se o trabalho dignifica o homem, mas não tenho dúvidas de que ele nos livra
de muitos constrangimentos.
(LXXII)
O
Brasil é uma piada mesmo. Aqui, uma pessoinha aos dezesseis anos é tida como
sonsa demais, segundo os bem pensantes, pra saber o que está fazendo e, por
isso, não pode ser devidamente enquadrada se matar alguém, mas pode, por essa
mesma razão, votar. Tá certo. Certíssimo! Pois, assim, desde miúdo ensina-se
direitinho o sujeito, na vida e na escola, a não responder por seus atos para
que, desse modo, quando grandinho ele venha a ser um cidadão brasileiro
criticamente exemplar.
(LXXIII)
Amadurecer
é ter a necessária coragem para abandonar os sonhos e devaneios da mocidade.
Nem todos são capazes disso. Não mesmo. Não é à toa que muitos ficam com o
coração agrilhoado as sobras do passado pueril e, por isso, dificilmente
tornam-se capazes de ter luz própria. Eles negarem-se a encarar a vida de
frente, preferindo esconder-se debaixo de suas fantasias dos idos juvenis.
(LXXIV)
Quem
nunca abandonou um sonho em favor do cumprimento duma responsabilidade maior,
nunca amadureceu. Quem não é capaz de sacrificar seus desejos, mesmo que
justos, e favor dum bem maior, jamais superou a fase do egocentrismo. Pior! Em
muitos casos, sujeitos nesse estado, não têm o menor interesse em superar a
dita fase, mesmo estando com a certidão de nascimento amarelada.
(LXXV)
Ensina-nos
Hegel que a essência de algo é aquilo em que esse algo se transforma. Em outras
palavras: o ser de algo é o que ele virá a ser e não o que ele aparentemente é
inicialmente.
(LXXVI)
A
semente é o que é, não por ser semente, mas por ser potencialmente uma árvore.
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