Por Dartagnan da Silva
Zanela
(XXXI)
Apenas
os cretinos sabem o quanto valem e, por isso mesmo, se supervalorizam para
melhor ludibriar as almas desatentas.
(XXXII)
Mentira
tem perna curta, mas longa o bastante para realizar um belo dum estrago.
(XXXIII)
A
beleza e a feiura não estão nos olhos, mas sim, nas próprias coisas. O que está
presente ou ausente em nosso olhar é a conformidade para com a beleza.
Conformidade essa que, quando presente, nos permite reconhecer o contraste que
existe uma e outra. Porém, sem essa fina percepção, tudo se torna confuso e
disforme para nossa incapacitada compreensão.
(XXXIV)
Quando
caímos na arapuca do relativismo, não é que tudo passa a ter o mesmo valor e
importância, mas sim, que tudo passa a ter a mesma fragilidade e
descartabilidade instrumental nas mãos daqueles que querem, através do
relativismo moral e cultural, impor arbitrariamente os seus devaneios.
(XXXV)
Ironicamente,
o relativismo destrói a liberdade humana e nome da libertação da humanidade.
(XXXVI)
Quando
a verdade é silenciada a convivência humana vai, gradativamente, sendo reduzida
a meras reações impulsivas; a uma animalidade rasteira.
(XXXVII)
São
Francisco é um gigante em sua humildade. Praticamente todos o admiram e não são
poucos os que reverenciam a sua ousada maneira de viver o Santo Evangelho.
Entretanto, chega ser repugnante a imagem dos seus imitadores revolucionários
de boutique new age que deformam a figura do poverello de Assis para disfarçar
as más inclinações que habitam e turvam os seus corações.
(XXXVIII)
A
morte não é o fim de uma história. Ela é o término da introdução do livro da
eternidade.
(XXXIX)
Meditar
sobre a morte é o fundamento do filosofar. Meditar sobre ela é perscrutar o
sentido da vida.
(XL)
O
grande absurdo da vida moderna está no culto idolátrico da efemeridade.
(XLI)
Valorar
as pequenas alegrias da vida faz-nos compreender a grandeza de nossa
peregrinação para eternidade.
(XLII)
A
idolatria da razão inevitavelmente leva-nos a abolição da própria capacidade
racional.
(XLIII)
No
fundo, todo o blablablá racionalista não passa de uma sintomática manifestação
duma egolatria mal disfarçada de almas presunçosas e carentes de atenção.
(XLIV)
Uma
pergunta é digna de ser levantada quando é motivada por um sincero desejo de
conhecer. Se não o for, a indagação é pura vaidade e desejo de parecer sábio
sem o ser.
(XLV)
Quando
a produção artística não mais se apresenta como uma ponte para que tenhamos um
contato, mesmo que fugidio, com a verdade, ela torna-se algo contrário a arte,
por mais que ela seja reverenciada como tal.
(XLVI)
A
teologia da libertação é a expressão duma alma atormentada que quer resolver os
problemas humanos sem o auxílio da Graça, colocando uma ideologia no lugar da
Divina Providência.
(XLVII)
Dizer
que não existe iniquidade pessoal, que todos os males são fruto de pecados
sociais ou sistêmicos, é uma forma pra lá de canalha de abolir a consciência
individual e de destruir o senso de responsabilidade pessoal. Trocando por
miúdos: matam-se dois coelhos com uma cajadada só, bem do jeitinho que o
encardido gosta.
(XLVIII)
Os
filhos de Rousseau e Gramsci são gozados mesmo. Derramam lágrimas e mais
lágrimas por um criminoso detido e enquadrado, mas são incapazes de manifestar
um mínimo sinal de bondade pelas vítimas da bandidagem. Vai ver que, de acordo
com a cartilha deles, os primeiros são mais humanos que os segundos.
(XLIX)
Quando
não mais somos capazes de diferenciar o choro cínico e fingido de um canalha
das lágrimas desesperadas de um inocente é sinal de que abdicamos do bom senso,
que liquidamos a razão relativizando a verdade até atingir as raias do absurdo.
E, desse modo, tornamo-nos criaturas bestiais sem nos darmos conta. Monstros
com carinhas de bons-moços, mas, mesmo assim, monstros.
(L)
Pior
que um canalha posando de moço bem intencionado é um inocente que acredita
piamente que o biltre tenha mudado da água para o vinho.
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